Este tema é certamente familiar a muitos de
vocês!
São talvez meia dúzia? Vá, dúzia de pessoas que lêem o que eu escrevo.
Não tenho mais seguidores do meu blog, porque provavelmente não têm bom gosto.
Ou então gostam mais de histórias de cortar os pulsos ou de contos de fadas.
Enfim! Gostos....
Lamento desapontar mas não tenho nada disso. Sou apenas uma tipa sem cultura nenhuma e pouco viajada, quer dizer, se contar cultivar lá no fundo do quintal acho que já posso dizer que tenho um bocadinho das duas coisas.
Não sei escrever textos fantásticos com desfechos fabulosos mas sei o que sinto.
Tento me expressar da melhor forma que sei e que possam entender, uma vez que sou um bocado disléxica, vá, muito disléxica do tipo " olhe menina quero um galão misto e uma sandes clarinha e morna. "
Então é assim.
Há três dias atrás conversava eu com uma pessoa muito próxima e que ainda por cima é da família.
Sim, porque família não se escolhe, se desse para escolher talvez escolhesse uma família do Brasil, sempre é mais quentinho do que por cá.
O tema rondava as dores que a dita pessoa tinha.
-Não imaginas o que isto é!
Blá blá blá. ...
E arranhou no meu ponto sensível.
O tom a que continuou a conversa era de uma ignorância que me fez gelar as orelhas, insinuado que só ela é que sofria com dores e que eu não tinha nada. Que andava bem.
Minha cara dúzia de amigos.
A minha vontade foi de a mandar à "merda" com as letras todas.
Estaria a ser muito simpática! Num dia não certamente aconselharia outro local!
Mas respirei fundo e contei até dez.....
Ando a adoptar esse sistema.
Não é por fazer a minha vida de casa, tratar dos filhos e mais uns apêndices queixosos e ainda por cima correr, que estou bem!
Só eu sei o que sinto e o que me custam fazer as coisas.
Não preciso de andar constantemente aí, aí.
Até porque se torna cansativo até para mim, ouvir sempre a mesma conversa.
E a vida passa tão rápido!
Do que nos adianta queixar?
As dores não vão embora!
Todos os dias em que assim que ponho os pés no chão, sinto as solas dos pés como se tivesse queimadas, já para não falar nas insónias e cansaço com que acordo.
De andar com o meu bebé ao colo sinto dores nos braços, nas costas e os músculos nos ombros a arder.
Fora as crises de cansaço em que fico tempos infinitos deitada sem nem conseguir abrir os olhos.
Não tenho força nas mãos para abrir seja o que for!
O simples gesto de abraçar apertado é doloroso.
Quando corro ora me dói nos joelhos, ora os tendões dos pés ora as ancas.
Mas nem por isso ando com uma campainha a dizer o que tenho.
Não faz sentido ....
Para mim a vida só faz sentido se for vivida e aproveitada ao máximo, seja com dores ou se for sem elas tanto melhor.
Não posso esperar que todo o ser humano me aceite como sou e entendo que tenho momentos em que mais pareço ser bipolar, mas esta doença infelizmente é mesmo assim. Tento ao máximo aparentar ser a tipa mais normal à face da terra, o que não quer que seja.
E é nesses momentos de aparente normalidade que sou confundida com um ser banal.
Se eu não tivesse Fibromialgia seria um ser normalíssimo sem nada a acrescentar, sem história, sem sentimentos.
E é mesmo nisso em que acredito.
Esta doença fez-me crescer enquanto ser humano, mulher,mãe, cresci e melhorei em todos os aspectos.
E só lhe tenho a agradecer por isso, parece um pouco estúpido agradecer por ser doente.
Depende.
Posso dizer que tenho fé, e aprendi a amar os meus dias e o facto de ter amadurecido com a doença fez com que me sinta normalíssima e saudável.
Sim sinto-me saudável! Comparando com outros casos muito mas muito piores que o meu, considero-me saudável.
Uma vez comentamos com a pediatra do meu filho sobre a rebeldia e traquinice dele ao que nos respondeu.
"Se tivemos um filho assim é porque estávamos a precisar e porque éramos fortes o suficiente para o educar. "
E é mesmo isso que aprendi sobre a Fibromialgia, se eu a tenho é porque de facto sou forte o suficiente para lidar com ela.
Mesmo as outras pessoas não a vendo ela está cá e não tenho problema nenhum em relação a isso, desde que não me arranhem está tudo certo.